CIDADÃO JORNALISTA – um novo conceito
O que faz de um cidadão, um jornalista? Será que este novo conceito tem razão de ser?
O jornalismo, como qualquer outra profissão deve ser encarada como tal e não é por alguém estar no sítio certo, no momento certo que vai fazer dessa pessoa um jornalista. Isso não tem cabimento. Se assim fosse, uma criança de 10 anos com uma câmara de vídeo que captasse, por acaso, a queda de uma avião enquanto filmava os passarinhos a voar, era um jornalista. Não é por uma pessoa fazer determinadas coisas que faz dela um profissional na matéria.
Ao contrário do que acontecia há uns anos atrás, hoje em dia o jornalista tem uma formação académica, que deve ser respeitada como é qualquer outra licenciatura como a medicina ou a advocacia. Um jornalista deve ser alguém que faz isso da sua vida e não alguém que por algum motivo o faz de vez em quando. Ser jornalista acima de tudo é um estado de espírito.
A auto-edição floresce, as novas tecnologias permitem uma maior interactividade dos cidadãos com os média, dando-se um alargamento do espaço público. Nomeadamente, com o aparecimento dos blogues. Porém, e como afirma Eduardo Cintra Torres “o blogue ainda não se estabilizou como espaço de informação com responsabilidade social. O jornalismo é uma técnica que não existe fora da sua concretização social. Muitos blogues dão informações correctas e comentários inovadores, mas os seus autores não passam por isso a cidadãos-jornalistas ou a jornalistas. São cidadãos, isso sim, intervindo no espaço público de que reclamam a sua parte.”
Com isto não quer dizer que a participação dos cidadãos não seja importante para o jornalista. Claro que é. Contudo, as pessoas precisam de sentir confiança e credibilidade por parte de quem as informa e por isso é muito importante atender às questões éticas.
Um jornalista reconhecido como tal tem um nome a preservar (não só o dele como o da empresa que representa). Por isso, é importante que tenha consciência do seu trabalho e que o faça, ou pelo menos tente fazer, da forma mais correcta possível. Por seu lado, um cidadão que grava um acontecimento ou que tem um blogue dito informativo não tem essas preocupações éticas presentes. Diz o que quer, quando quer e como quer. Sem pensar, muitas vezes, nas consequências que isso pode ter.
Assim, a estas pessoas pode-se chamar muita coisa mas não de cidadãos jornalistas. Um jornalista é um autor de conteúdos e não apenas um mero instrumento à mercê das novas tecnologias.